domingo, 28 de novembro de 2010

O CANTO DA ESQUINA

domingo, 28 de novembro de 2010



Deixe-me aqui, neste canto desafinado

É uma esquina rouca, quase muda

Mas nunca sai deste canto

Ainda que eles tapem os ouvidos

Esqueça-me aqui, neste canto desentoado

É uma aresta fria, quase um gelo

Mas nada agasalha o meu canto

Nem mesmo eles, tão frios

Largue-me aqui, neste canto sem sorte

É uma quina sem ganhador, quase um gasto

Mas este é meu único canto

Ainda que eles tentem me calar

Abandone-me aqui, neste canto malsoante

É um vértice faminto, quase uma cratera

Mas, neste canto eu espero

Que um dia eles me ouçam, em breve ou semibreve



Poema: Flávio Leite
Desenho: Wesley Rodrigues

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